Olá
Ingaenses!
Olá
povo que ainda acredita que dias melhores virão...
Ontem,
lendo o portal de notícias da Assembleia Legislativa do Estado da Paraíba,
fiquei muito feliz ao tomar conhecimento que Dona Antonia Ribeiro de Mendonça,
havia tido sua luta, seu sonho, seu trabalho, e o resultado de toda uma vida
dedicada ao honroso ofício de artesã Labirinteira, finalmente reconhecido. Embora saibamos que o que ela
faz não é em busca de reconhecimento ou fama. Isso foi apenas consequências de
seu trabalho.
Fonte: Assembléia Legislativa |
Verdade!
Fiquei muito feliz..., porém, não surpreso, já que nos últimos dias findantes
do mês de dezembro de 2016, fui convidado por Dona Tonha a comparecer a uma Reunião na Associação das Labirinteiras de
Chã dos Pereiras, Ingá-PB, local onde se encontrava presente também o vice-prefeito
do município, Robério Burity, agricultores locais, artesãs e outros
representantes de entidades e secretarias.
No
momento o Vice-prefeito, elencou alguns dos principais problemas enfrentados
pela comunidade, e, apontou soluções. Ainda disse: “que estava correndo atrás,
junto ao governo do Estado da Paraíba para resolve-los”.
Ainda
fez parte da pauta do “discurso” de Robério Burity, o desejo de resgatar a
cultura do algodão aqui no nosso município.
Após
a reunião, Dona Antonia, como boa anfitriã que é, nos convidou para jantar em
sua residência. Lá, em conversa comigo, ela me fez um convite mais que honroso:
O de solicitar a sua inserção como MESTRA ARTESÃ, junto ao curador Professor
José Nilton da Silva.
A
baixo, segue a SOLICITAÇÃO enviada ao curador, com o pedido de TITULAÇAO DE
ANTONIA RIBEIRO DE MENDONÇA, como MESTRA ARTESÃ.
SOLICITAÇAO
Ao Ilustríssimo Senhor
Curador professor José
Nilton da Silva
Antonia
Ribeiro de Mendonça, natural do município do Ingá-PB, nasceu no dia 03 de
janeiro de 1931 (mil novecentos e trinta e um). A sua trajetória se confunde
com a história da renda (o labirinto) que marcou de forma significativa o
cotidiano de um pequeno povoado (Chá dos Pereiras), localizado no interior da
Paraíba.
Aos
doze anos com muito esforço e vontade, aprendeu a fazer labirinto com a
madrinha que morava no bairro da Estação Ferroviária do Ingá. As aulas de
artesanato, sempre aconteciam no turno da tarde, quando Antonia voltava da
escola. Apesar da residência de sua madrinha se localizar distante, Antonia não
via problema algum em caminhar até lá.
No
ano de 1952, Antonia Ribeiro de Mendonça foi nomeada ao cargo de professora
primaria do município do Ingá, onde passou a lecionar na localidade de Chá dos
Pereiras.
Em
Chã dos Pereiras, Antonia dedicou a sua vida a cultura do labirinto, liderando
as artesãs, formando um grupo, e realizando um trabalho de conscientização e
valorização da cultura. Antes da inciativa de Dona Antonia Ribeiro de
Mendonça, todas as artesãs (até a década de 1960), trabalhavam individualmente.
Com a sua liderança, e o incentivo do SEBRAE, fornecendo cursos e
possibilitando condições para que o labirinto fosse comercializado em feiras,
houve uma revitalização e valorização do trabalho das Labirinteiras,
proporcionando uma melhoria na autoestima das artesãs, e, por consequência,
remuneração melhor, e reconhecimento do seu trabalho.
Foi
graças ao trabalho desempenhado por Dona Tonha, que hoje, Chã dos Pereiras, e,
consequentemente o Ingá, é conhecido mundialmente como a “Terra do labirinto”.
Esse título se deveu ao muito esforço e dedicação desta Senhora, em reunir as
mulheres de Chã dos Pereiras em torno de uma Associação. Ou seja, Dona Antonia
percebeu que se as mulheres não vissem o labirinto como negócio, talvez, com o
passar do tempo, elas perdessem o interesse em preservar essa cultural.
De
acordo com o Jornal a União:
Chã dos Pereira é um aconchegante distrito de
Ingá, na Várzea do Paraíba, situado a 95 km de João Pessoa. A fama deste
pequeno conglomerado rural, já ultrapassou as fronteiras do Brasil, porque a
maioria das mulheres que moram na área se dedica à confecção do labirinto, uma
atividade manual semelhante a um tipo de bordado, que, atualmente, enfeita
casas, roupas e escritórios de muitos países do mundo. A produção local vai
para as feiras de artesanato, onde é propagada a beleza do labirinto. Por três
anos consecutivos a Chã dos Pereira vendeu labirinto para a Bélgica, através do
padre Jean, um belga que foi pároco do vizinho município de Serra Redonda. Da
Bélgica, o produto foi distribuído para a Holanda. A labirinteira mais nova da
Chã dos Pereira é Renaly Ribeiro de Mendonça, 13 anos, neta de Antônia. A mais
velha é Cícera, 84, uma das hábeis torcedeiras das seis etapas porque passa a
confecção do labirinto. (Jornal União;
25 de agosto de 2007).
Em Chã dos Pereiras, fazer labirinto, é
costume compartilhado pela neta, pela filha, pela avó e pela bisavó, seguindo
uma mesma técnica e tradição desde o século passado. E essa tradição ainda
sobrevive até hoje, graças a importância de se ter uma pessoa como Dona Antonia
Ribeiro de Mendonça como líder artesã na comunidade. Ela traz bem clara em sua
cabeça a importância da confecção e comercialização do labirinto: De um lado
ela percebe as necessidades do mercado, e do outro ela entende a importância do
bordado como elemento de identificação e valorização de seu povo, do seu lugar
Em
1988, foi fundada a Associação das Artesãs Rurais de Chã dos Pereiras. Antonia,
neste momento já aposentada de suas funções como docente (que segundo
depoimento de moradores locais e ex-alunos, desempenhou magnificamente), toma
para si, a luta de não deixar a cultura e a tradição do labirinto morrer no
lugar. A partir desse momento, a frente da Associação das Artesãs Rurais de Chã
do Pereiras, ela passa a ministrar cursos de aperfeiçoamento, em outras
localidades tais como Distrito de Pontina, Comunidade Quilombola de Pedra D’água,
Comunidade de Serra Rajada, e, a representar e difundir na mídia o labirinto e
a cultura local.
Como
líder nata, Antonia Ribeiro foi escolhida pelas artesãs para lhes representar
em feiras de artesanato em quase todos os Estados do Brasil.
Recentemente,
iniciou um curso, onde tem como aprendizes, 15 jovens, que estão sendo
iniciadas ou se aperfeiçoando na arte de confeccionar e criar a renda de
labirinto.
Em
conversa com Dona Tonha, como é carinhosamente conhecida Antonia Ribeiro de
Mendonça, na comunidade de Chá dos Pereiras, que a adotou como filha, e, ela
reciproca, adotou como lar, me confidencia que o maior desejo de sua vida, é
que desse grupo de adolescentes surja uma nova liderança que difunda, reconheça
e valorize o bordado de labirinto como algo que vai além do financeiro, do
econômico..., mas que esta renda possa trazer para o povo um sentido de união e
orgulho, e principalmente um sentimento de identidade cultural.
Por
todo este esforço e dedicação, solicito ao Professor José Nilton da Silva – Presidente
Curador – que se digne honrar a Senhora Antonia Ribeiro de Mendonça com o
Título de Mestra Artesã.
Sem
mais delongas. Deste já, remeto-lhe votos de elevada estima e consideração.
Ingá, janeiro de 2017.
________________________________________________________________
ALEXANDRE FERREIRA
(Historiador)
Residente
na rua Maria das Neves de Souza, Nº 17, Bairro de Hardma, Cep. 58380.000 –
Ingá-PB
Fonte: facebook (25º Salão de Artesanato da Paraíba)
Reunião com o vice-prefeito, Robério Burity, na Associação das Labirinteiras de Chã dos Pereira (fontes próprias)
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